sexta-feira, 29 de abril de 2011

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
(Oswaldo Montenegro)

Fonte: blog da minha sobrinha Thaís - http://annapoulain.blogspot.com/
É simples, diferente, bonito, transcedente...
     É real, maduro, cristalino...
                          É amor, amizade, sexo....


Quando tudo parecia correr na mais tranquila paz e  de uma vida cheia do nada, eis que a surpresa se faz presente. Os seus dias adquirem cor e devagar você descobre que pulsa sentimentos dentro de você há muito adormecidos. Devagar, mais que devagar você enxerga um novo horizonte e descortina à sua frente uma realidade há muito tempo guardada, adormecida, solitária. Acorda lentamente e mesmo não acreditando, você se deixa levar e torna-se tão  profundo este acordar, que os sentimentos exalam de todos os portos e o nada enche-se de alegria. Os sentimentos que pareciam mortos, levantam-se  e transformam o seu penar em momentos
bons e inesquecíveis.
Que sentimento é esse que entorpece a alma, deixa entregue e faz sonhar? Como algo que não supunha existir, mas será que existe? É um existir profundo, seguro, que falta entendimento. Talvez seja melhor não entender, não procurar razões, talvez seja melhor viver, arriscar. Arriscar ser amado, deleitar-se no prazer de ouvir gemidos, gozos e confissões. Ultrapassar limites, viver a dor e superar o inesperado. Talvez a vida seja isso: não procurar razões, viver, deixar acontecer, pagar o preço. Talvez se a semeadura for boa, a vida não cobre tanto. Quem sabe este sentimento supere a dor e traga amor.

Lost for Words

"Eu estava gastando o meu tempo mau-humorado,
Eu fui pego em um caldeirão de ódio,
Eu senti atormentado e paralisado,
Eu pensei que qualquer coisa poderia esperar.
Enquanto você está desperdiçando tempo em seus inimigos,
Mergulhado em uma febre de rancor,
Além de seu campo de visão, a realidade vai desaparecendo,
Como sombras na noite.
Se martirizar por prudência,
Não vai ajudar em nada,
Porque não haverá segurança em números,
Quando o certo sair pela porta.
Você pode ver seus dias atrapalhados pela escuridão?
É verdade que você bate com os seus punhos no chão?
Preso em um mundo de isolação,
Enquanto a hera cresce em sua porta.
Então eu abri minha porta para meus inimigos,
E eu pergunto se nós podemos limpar a lousa,
Mas eles me pediram para eu fazer o favor de ir me foder,
Você sabe que você simplesmente não pode vencer..."
(Pink Floyd)
 
Fonte: http://annapoulain.blogspot.com/