Nas minhas andanças pela net, procurando algo que explicasse melhor o ciclo da vida, como tudo funciona aqui na Terra, o que Deus espera de cada um, me deparei com está história maravilhosa. Ela me fez perceber o quanto preciso evoluir e quanto Chico Xavier era maravilhoso, um ser humano evoluído, com certeza, encontra-se perto de Deus. Sinto não tê-lo conhecido. Eu demorei para me encontrar com a Doutrina Espírita... Toda vez que leio sobre a vida dele, histórias de pessoas que conviviam, fico emocionada. Espero que Deus seja misericordioso para conosco e mande outro anjo deste para Terra para confortar corações feridos. Abaixo uma história destas que era comum para Chico Xavier, mas para nós, seres em aprendizado, pessoas incapazes de agir como ele, uma história de comovente amor verdadeiro. Aquele amor que Jesus veio ensinar, amor incondicional ao próximo:
"Ao longo desses anos em que tenho ido a Uberaba, conheci muita gente. Gente boa,
gente meio boa e gente menos boa.
Algumas o tempo vai apagando lentamente, mais jamais terá força suficiente para apagar minhas lembranças a figura encantadora que vocês vão passar a conhecer.
Numa daquelas madrugadas, quando as sessões do Chico se estendiam até o amanhecer, vi-o pela primeira vez.
Naquelas filas quase intermináveis que se formavam para a despedida ou uma última palavrinha ainda que rápida com o Chico, ele chamou-me a atenção pela alegria que esperava sua vez.
Trajes muito pobres, descalço, pés rachados, indicando que raramente teriam conhecido um par de sapatos.
Calça azul, camisa verde, com muitos remendos; um paletó de casemira apertava-lhe o corpo franzino.
Pele escura, cabelos enrolados, nos lábios uma ferida. Chamava-se Jorge.
Creio que deve ter tomado poucos banhos durante toda sua vida. Quando se aproximava, seu corpo magro, sofrido e mal alimentado exalava um odor desagradável.
Em sua boca, alguns raros tocos de dentes, totalmente apodrecidos.
Quando falava, seu hálito era quase insuportável. Ainda que não se quisesse, tinha-se um movimento instintivo de recuo.
Quando se aproximava , tínhamos pressa em dar-lhe algum trocado para que ele fosse comprar pipoca, doce ou um refrigerante, afim de que saísse logo de perto da gente.
Jorge morava com o irmão e a cunhada, num bairro muito pobre. Uma favela, quase um cortiço.
Seu quarto era um pequeno cômodo anexado ao barraco do irmão.
Algumas telhas, pedaços de tábuas, de plásticos, folhas de latas, emolduravam seu pequeno espaço.
O irmão e a cunhada eram bóias frias, Jorge ficava com as crianças. Fazia-lhes o mingau, trocava-lhes os panos, assistia-os.
Alma assim caridosa, acredito sofresse maus tratos. Muitas vezes o vi com marcas no rosto e ainda hoje fico pensando se aquela ferida permanente em seus lábio inferior não seria resultante de constantes pancadas.
Chico conversava com ele cinco, dez, vinte minutos. Nas primeiras vezes, pensava: Meu Deus, como é que o Chico pode perder tanto tempo com ele, quando tantas pessoas viajaram milhares de quilômetros e mal pegaram em sua mão?
Por que será que ele não diminui o tempo do Jorge para dar mais atenção aos outros?
Somente mais tarde fui entender que a única pessoa capaz de parar para ouvir o Jorge era o Chico. Em casa ele não tinha com quem conversar; na rua ninguém lhe dava atenção.
Quase todas as vezes em que lá estava, lá estava ele também.
Assim, por alguns anos habituei-me a ver aquele estranho personagem, que aos poucos foi-me cativando.
Hoje, passados tantos anos, ao escrever estas linhas, ainda choro.
“A gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar”, não é mesmo?
Nunca ouvimos de sua boca qualquer palavra de queixa ou revolta.
Seu diálogo com o Chico era comovente e enternecedor.
- Jorge, como é que vai a vida?
- Ah! Tio Chico, eu acho a vida uma beleza!
- E a viagem foi boa?
- Muito boa, Tio Chico. Eu vim olhando as flores que Deus plantou no caminho para nos alegrar.
- O que você mais gosta de olhar, Jorge?
- O azul do céu , Tio Chico. Às vezes fico pensando que o Sinhô Jesus tá me espiando.
Algumas o tempo vai apagando lentamente, mais jamais terá força suficiente para apagar minhas lembranças a figura encantadora que vocês vão passar a conhecer.
Numa daquelas madrugadas, quando as sessões do Chico se estendiam até o amanhecer, vi-o pela primeira vez.
Naquelas filas quase intermináveis que se formavam para a despedida ou uma última palavrinha ainda que rápida com o Chico, ele chamou-me a atenção pela alegria que esperava sua vez.
Trajes muito pobres, descalço, pés rachados, indicando que raramente teriam conhecido um par de sapatos.
Calça azul, camisa verde, com muitos remendos; um paletó de casemira apertava-lhe o corpo franzino.
Pele escura, cabelos enrolados, nos lábios uma ferida. Chamava-se Jorge.
Creio que deve ter tomado poucos banhos durante toda sua vida. Quando se aproximava, seu corpo magro, sofrido e mal alimentado exalava um odor desagradável.
Em sua boca, alguns raros tocos de dentes, totalmente apodrecidos.
Quando falava, seu hálito era quase insuportável. Ainda que não se quisesse, tinha-se um movimento instintivo de recuo.
Quando se aproximava , tínhamos pressa em dar-lhe algum trocado para que ele fosse comprar pipoca, doce ou um refrigerante, afim de que saísse logo de perto da gente.
Jorge morava com o irmão e a cunhada, num bairro muito pobre. Uma favela, quase um cortiço.
Seu quarto era um pequeno cômodo anexado ao barraco do irmão.
Algumas telhas, pedaços de tábuas, de plásticos, folhas de latas, emolduravam seu pequeno espaço.
O irmão e a cunhada eram bóias frias, Jorge ficava com as crianças. Fazia-lhes o mingau, trocava-lhes os panos, assistia-os.
Alma assim caridosa, acredito sofresse maus tratos. Muitas vezes o vi com marcas no rosto e ainda hoje fico pensando se aquela ferida permanente em seus lábio inferior não seria resultante de constantes pancadas.
Chico conversava com ele cinco, dez, vinte minutos. Nas primeiras vezes, pensava: Meu Deus, como é que o Chico pode perder tanto tempo com ele, quando tantas pessoas viajaram milhares de quilômetros e mal pegaram em sua mão?
Por que será que ele não diminui o tempo do Jorge para dar mais atenção aos outros?
Somente mais tarde fui entender que a única pessoa capaz de parar para ouvir o Jorge era o Chico. Em casa ele não tinha com quem conversar; na rua ninguém lhe dava atenção.
Quase todas as vezes em que lá estava, lá estava ele também.
Assim, por alguns anos habituei-me a ver aquele estranho personagem, que aos poucos foi-me cativando.
Hoje, passados tantos anos, ao escrever estas linhas, ainda choro.
“A gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar”, não é mesmo?
Nunca ouvimos de sua boca qualquer palavra de queixa ou revolta.
Seu diálogo com o Chico era comovente e enternecedor.
- Jorge, como é que vai a vida?
- Ah! Tio Chico, eu acho a vida uma beleza!
- E a viagem foi boa?
- Muito boa, Tio Chico. Eu vim olhando as flores que Deus plantou no caminho para nos alegrar.
- O que você mais gosta de olhar, Jorge?
- O azul do céu , Tio Chico. Às vezes fico pensando que o Sinhô Jesus tá me espiando.
Depois, Jorge falava da briga dos gatos, da goteira
que molhou a cama, do passarinho que estava fazendo ninho em seu telhado.
.... Quando pensava que tudo havia terminado, o Chico ainda dizia:
- Agora, o nosso Jorge vai declamar alguns versos.
Eu chegava até me virar na cadeira, perguntando a mim mesmo: onde é que o Chico arruma tanta paciência.
Jorge declamava um, dois, quatro versos.
- Bem, Jorge, agora para nossa despedida declame o verso de que mais gosto.
- Qual Tio Chico?
- Aquela da moça, Jorge.
- Ah! Tio Chico, já me lembrei, já me lembrei.
Naquelas horas, o Centro continuava lotado. As pessoas se acotovelavam, formando um grande círculo em torno da mesa.
Jorge colocava, então o colarinho da camisa para fora, abotoava o único botão de seu surrado paletó, colocava as mãos para trás à semelhança de uma criança quando vai declamar na escola ou perante uma autoridade,
Olhava para ver se estavam observando e sapecava, inflado de orgulho:
“Menina, penteia o cabelo,
Joga as tranças prá cacunda.
Queira Deus que não te leve,
De domingo prá segunda”.
Quando Jorge terminava, o riso era geral.
Ele também sorria. Um sorriso solto e alegre, mais ainda assim doído, pois a parte inferior de seus grossos lábios se dilatava, fazendo sangrar a ferida.
Aí ele se aproximava do Chico, que lhe dava uma pequena ajuda em dinheiro. Em todos aqueles anos, nunca consegui ver quanto era.
Depois, colocava o dinheiro dentro de uma capanga, onde já havia guardado as pipocas, os doces, dando um nó na alça de pano.
Para se despedir, ele não se abraçava ao Chico ele se jogava todo por inteiro em cima do Chico. Falava quase dentro do nariz do Chico e eu nunca o vi tar aquele recuo instintivo como eu tivera todas as vezes.
Beijava a mão do Chico, que beijava a mão e a face dele, ao que ele retribuía, beijando os dois lados da face do Chico, onde ficavam manchas de sangue deixadas pela ferida aberta em seus lábios. Nunca vi o Chico se limpar na presença dele, nem depois que ele tivesse ido.
Eu, que muitas vezes, ao chegar à casa dele, molhava um pano e limpava o que passamos a chamar carinhosamente de “o beijo do Jorge”.
Não saberia dizer quantas vezes pensei em levar um presente ao Jorge.
Uma camisa... Um par de sapatos... Uma blusa.
Infelizmente, fui adiando e o tempo passando. Acabei por não lhe levar nada. Lembro-me disso com tristeza e as palavras do Apóstolo Paulo se fazem mais fortes nos recessos de minha alma:
“Façamos o bem, enquanto temos tempo”.
Enquanto temos tempo. De repente, fica tarde demais. O Jorge desencarnou. Desencarnou numa madrugada fria. Completamente só em seu quarto. Esquecido do mundo, esquecido de todos, mas Não de Deus.
Contou-me o Chico que foi este nosso irmão de pele escura, cabelos enrolados, ferida nos lábios, pés rachados, mau cheiro, mau hálito que, ao desencarnar, Nosso Senhor Jesus Cristo veio pessoalmente buscar.
Entrou naquele quarto de terra batida, retirou o Jorge do corpo magro e sofrido, envolto em trapos imundos, aconchegou-o de encontro ao peito e voou com ele para o espaço, como se carregasse o mais querido de seus filhos."
“Estarei convosco até o fim dos séculos”
“Não vos deixarei órfãos”
Ele Nunca faria uma promessa que não pudesse cumprir.
.... Quando pensava que tudo havia terminado, o Chico ainda dizia:
- Agora, o nosso Jorge vai declamar alguns versos.
Eu chegava até me virar na cadeira, perguntando a mim mesmo: onde é que o Chico arruma tanta paciência.
Jorge declamava um, dois, quatro versos.
- Bem, Jorge, agora para nossa despedida declame o verso de que mais gosto.
- Qual Tio Chico?
- Aquela da moça, Jorge.
- Ah! Tio Chico, já me lembrei, já me lembrei.
Naquelas horas, o Centro continuava lotado. As pessoas se acotovelavam, formando um grande círculo em torno da mesa.
Jorge colocava, então o colarinho da camisa para fora, abotoava o único botão de seu surrado paletó, colocava as mãos para trás à semelhança de uma criança quando vai declamar na escola ou perante uma autoridade,
Olhava para ver se estavam observando e sapecava, inflado de orgulho:
“Menina, penteia o cabelo,
Joga as tranças prá cacunda.
Queira Deus que não te leve,
De domingo prá segunda”.
Quando Jorge terminava, o riso era geral.
Ele também sorria. Um sorriso solto e alegre, mais ainda assim doído, pois a parte inferior de seus grossos lábios se dilatava, fazendo sangrar a ferida.
Aí ele se aproximava do Chico, que lhe dava uma pequena ajuda em dinheiro. Em todos aqueles anos, nunca consegui ver quanto era.
Depois, colocava o dinheiro dentro de uma capanga, onde já havia guardado as pipocas, os doces, dando um nó na alça de pano.
Para se despedir, ele não se abraçava ao Chico ele se jogava todo por inteiro em cima do Chico. Falava quase dentro do nariz do Chico e eu nunca o vi tar aquele recuo instintivo como eu tivera todas as vezes.
Beijava a mão do Chico, que beijava a mão e a face dele, ao que ele retribuía, beijando os dois lados da face do Chico, onde ficavam manchas de sangue deixadas pela ferida aberta em seus lábios. Nunca vi o Chico se limpar na presença dele, nem depois que ele tivesse ido.
Eu, que muitas vezes, ao chegar à casa dele, molhava um pano e limpava o que passamos a chamar carinhosamente de “o beijo do Jorge”.
Não saberia dizer quantas vezes pensei em levar um presente ao Jorge.
Uma camisa... Um par de sapatos... Uma blusa.
Infelizmente, fui adiando e o tempo passando. Acabei por não lhe levar nada. Lembro-me disso com tristeza e as palavras do Apóstolo Paulo se fazem mais fortes nos recessos de minha alma:
“Façamos o bem, enquanto temos tempo”.
Enquanto temos tempo. De repente, fica tarde demais. O Jorge desencarnou. Desencarnou numa madrugada fria. Completamente só em seu quarto. Esquecido do mundo, esquecido de todos, mas Não de Deus.
Contou-me o Chico que foi este nosso irmão de pele escura, cabelos enrolados, ferida nos lábios, pés rachados, mau cheiro, mau hálito que, ao desencarnar, Nosso Senhor Jesus Cristo veio pessoalmente buscar.
Entrou naquele quarto de terra batida, retirou o Jorge do corpo magro e sofrido, envolto em trapos imundos, aconchegou-o de encontro ao peito e voou com ele para o espaço, como se carregasse o mais querido de seus filhos."
“Estarei convosco até o fim dos séculos”
“Não vos deixarei órfãos”
Ele Nunca faria uma promessa que não pudesse cumprir.
Fonte: http://www.forumespirita.net/fe/mensagens-de-animo/jorge-%27kardec-prossegue%27-adelino-da-silveira/
beijos a todos, paz e luz!
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